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sexta-feira, 18 de junho de 2010

PS3 - NIER


Plataforma: PS3
Gênero: Ação
Jogabilidade: Bom
Idade mínima recomendada: 16 anos
História: NIER é uma espécie de mostruário de quase tudo o que foi feito até hoje, desde a quarta geração de consoles (talvez até antes) até agora. Existe ação em plataforma estilo Ninja Gaiden, pancadaria típica de Devil May Cry, perspectiva “top-down” The Legend of Zelda: A Link to the Past e, como não poderia ser diferente, todo um pano de fundo construído sobre um fabulário maniqueísta tipicamente Final Fantasy. O grande problema é que o todo aqui é menor que a soma das partes.
O flerte com diversos estilos que deram certo ao longo dos anos simplesmente não consegue espantar o irremediável tédio que ocupa a maior parte de NIER. Também é incapaz de disfarçar algumas mecânicas descaradamente datadas, bem como as diversas arestas que ficaram por aparar. Em suma: trata-se da reunião de diversas boas ideias que simplesmente não conseguem nenhuma ligação entre si capaz de criar algo realmente divertido.
Para efeitos de classificação, talvez se pudesse colocar a empreitada da desenvolvedora Cavia como um RPG de ação com pretensões de Final Fantasy — vale lembrar que apenas a publicação do jogo ficou a cargo da Square Enix, portanto pode respirar aliviado. Existem momento de pancadaria pura e simples, mas também há diálogos e a evolução de personagens tipicamente RPG.
Entretanto, não há aqui a mesma sinergia entre ação e história que existe, por exemplo, em The Legend of Zelda: Ocarina of Time. A impressão de heterogeneidade é constante na maior parte do tempo: o seu protagonista — talvez o mais feio desde que Mike Haggar deu as caras em Final Fight — parece constantemente arremessado de um jogo para outro. Sem explicação. Sem transição. E, finalmente, sem o menor sentido.
Mesmo a tentativa de conferir liberdade na forma de um mundo de jogo aberto parece ser um tiro que saiu pela culatra. Por quê? Muito simples: atravessar as extensas colinas de NIER é terrivelmente tedioso, já que não existe praticamente nada para preencher todo esse espaço, além de alguns animais selvagens e os mesmos inimigos genéricos — os risíveis “shades”, que mais parecem esboços de monstros largados pela metade.
Aprovado
Como desperdiçar uma boa história
O mais lamentável, entretanto, é que algo aqui realmente se salva. A história, entremeada de por elementos surpresa, reviravoltas e reentrâncias, realmente tem potencial. Não, certamente não se trata de nada terrivelmente original, e a trama aqui bem poderia ser reduzida a uma congregação de steampunk, mitos japoneses e o fabulário próprio de Final Fantasy.
NIER inicia em uma nevasca durante o ano de 2049. O cenário é uma metrópole em ruínas onde, aparentemente, os remanescentes da raça humana se limitam a um sujeito de meia idade e sua filha terrivelmente doente. Subitamente, e sem maiores explicações, você é arremessado para 1.312 anos no futuro, para uma era em que a humanidade parece ter voltado às tradições medievais — embora com elementos tecnológicos aqui e ali.
Novamente, você assume o controle do homem desesperado para encontrar a cura para a singular doença da filha — runas misteriosas desfilam pelo corpo da menina, algo que faria mesmo os casos mais graves de HPV parecerem pedestres. Você então descobre que a terrível doença da menina tem ligações misteriosas com estranhas sombras fantasmagóricas — aqueles esboços de monstros — que aos poucos se alastram por todo o mundo.
A grande questão aqui é: se você conseguir atravessar aproximadamente dois terços de história com andamento lento e praticamente nenhum acontecimento relevante, lá pelo final do jogo algumas surpresas conseguem de fato atrair a atenção, conforme as pontas soltas do início do jogo ganham um bem-vindo “deus ex machina”, e tudo subitamente passa a fazer sentido.
Personagens (quase) carismáticos
Embora as participações dos demais personagens de NIER sejam um tanto diluídas demais, é inegável que existem algumas personalidades excêntricas no jogo com algumas capacidades empáticas. Até porque, mesmo o mais singelo dos coadjuvantes em NIER é muito mais interessante e carismático que o seu prosaico protagonista sem nome — o batismo fica por sua conta.
Talvez a presença mais marcante seja a do livro falante Weiss. Com um estilo que lembra Alan Rickman (Snape, de Harry Potter) com complexo de divindade, o grimório faz comentários sarcásticos, dá dicas, interage com outros personagens e, por fim, faz tudo o que o seu protagonista — que se interessa unicamente por destruir coisas e curar sua filha — não faz ao longo de toda a trama.
Também existe a controversa Kainé. Trata-se da figura que pragueja exageradamente logo na tela de abertura de NIER. Entretanto, o que sobra em vocabulário obsceno, falta em roupas: a indumentária da moça é uma espécie de “realização sado masoquista” da estética de Final Fantasy.
No mais, é a típica companhia taciturna (uma Lightning sem boas maneiras) do herói do jogo. Você vai encontrá-la em um vilarejo próximo, após algumas das muitas perambulações do jogo. Ah, sim. E é bom não ser preconceituoso: a moça não é, digamos, propriamente uma mulher...
Colossi cover
Uma das poucas coisas que conseguem interromper o clima cinzento e prosaico de NIER são as batalhas contra os vários chefes do jogo. Embora não sejam realmente desafiadores, as abominações gigantescas — com protuberâncias asquerosas e pele pegajosa — conseguem não apenas quebrar a monotonia da maior parte da história, com ainda quebram a imensidão genérica dos ambientes no game. Não é um Shadow of Colossus, mas também não faz feio.
Às vezes, o melhor é prestar atenção à música
Embora a música de NIER acabe às vezes como mais um dos tantos elementos heterogêneos do jogo, não se pode negar que se tratam de faixas belas e muito bem executadas. Com vozes suaves e instrumentos acústicos, a trilha sonora do jogo faz um bom trabalho ao evocar um clima idílico e de tranquilidade. Mesmo em algumas cenas de ação, o andamento lento das músicas consegue realizar um contraponto interessante.
Nota: 8,9



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